sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

QUARESMA: TEMPO DE HUMANIZAR


Gustavo Drumond


Há pessoas que encaram a quaresma como um período qualquer. Outros, pelo contrário, procuram vivê-la de forma intensa, com o intuito de descobrir seu pleno significado. Não quero tratar, aqui, especificamente sobre a forma como cada cristão vive esse período penitencial, mas refletir sobre a oportunidade que temos de nos conhecer melhor e, ao mesmo tempo, mudar nossa maneira de enxergar a vida, a caminhada, as pessoas.
Nossa compreensão de penitência corre um sério risco de estar engessada, principalmente quando associamos unicamente à mesma ao ato de deixar de se alimentar ou, até mesmo, não fazer alguma coisa em benefício de alguém. No entanto, se o sentido de penitência que aqui me refiro está atrelado à possibilidade ou busca de conversão, como de fato nos é proposto pela Sagrada Escritura e pela santa doutrina da Igreja, então é possível reforçar a necessidade de uma firme predisposição para o autoconhecimento e, consequentemente, a vivência contínua da verdade para com Deus, com o próximo e com nós mesmos.
O verdadeiro processo de conversão passa pelo autoconhecimento. Quanto mais nos entendemos, maiores são as oportunidades de mudarmos nossos vícios e equívocos. Teremos mais chances de dar um sentido novo à vida e valorizar mais as pessoas e a nós mesmos; vamos amar mais. Perceberemos, também, que ser cristão vai muito além do que o simples gesto de levar uma cesta básica para alguém necessitado, afinal, podemos ajudar muita gente, mas sem ter a essência da caridade em nossa alma; costumamos chamar isso de hipocrisia.
Ser cristão é ser humano antes de tudo. Viver segundo a proposta de Jesus é ultrapassar as barreiras dos preconceitos, da discriminação, enfim, de todas as formas de pecado que estão enraizadas em nosso interior. Achamos que a essência do pecado está neste mundo, mas esquecemos que fazemos parte dele, ou seja, carregamos suas características em nós, mas não as aceitamos e acabamos jogando-as nas costas dos outros. Portanto, se queremos conhecer viver profundamente as coisas de Deus e entender seus propósitos em nossa vida, vamos passar pela porta estreita da humanização durante essa quaresma.

Gustavo Drumond
Seminarista

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