sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A MISSÃO NA BÍBLIA

A Missão é de Deus. O Pai envia o Filho e o Espírito Santo, que por sua vez envia outros homens e mulheres para cumprirem a missão. É Ele quem determina o que fazer, como fazer, com quem fazer, quando fazer. Nada é algo inventado pelos “enviados”. Jesus afirma: “vim fazer a vontade do Pai que me enviou”.
Não podemos inventar e, muito menos, reduzir ou trocar o projeto de Deus e suplantá-lo por projetos nossos. Temos que conhecer o que Deus quer. Muitos esforços pastorais talvez não levem em conta essa vontade de Deus, são projetos “nossos”.
Cheios de boas intenções, muitos empreendimentos e esforços viram “trabalhos inúteis” (como os fariseus, que percorrem o céu e a terra para fazer um prosélito, ou pagam o dízimo das plantinhas da horta, mas esquecem o principal: o amor e a misericórdia – Mt 23,23).
Qual é a vontade de Deus? O que Deus quer? O que quer que nós façamos? A Bíblia nos conta o que Deus fez e, assim sabemos o que Ele quer.
1º - Deus cria por amor
Deus ama tudo o que criou. Cria o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, isto é: quer pessoas livres, capazes de amar; e lhes dá uma missão: crescei, multiplicai-vos e cultivai (com carinho e com cuidado) a terra.
2º - Deus quer filhos e filhas, colaboradores na sua tarefa
O que Deus quer é que nos assemelhemos com Ele. Jesus diz: “Sejam misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). Não é algo puramente exterior ao homem senão o mais profundo: ser filhos e filhas. Deus não cria escravos, nem marionetes para se divertir, nem para fazer sofrer; nem quer castigar e mandar todos para o inferno. Deus cria amigos com quem dialoga e passeia “ao cair da brisa da tarde” (Gn 3,8). “Minha alegria é estar em companhia dos homens”.
3º - “Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra”
Deus quer renovar todas as coisas: um mundo novo, um homem novo e novos céus e nova terra. Pedro, com linguagem ainda muito forte, diz que Deus quer nos tornar: “participantes da natureza divina” (2Pd 1, 3-4). E João diz: Somos filhos e filhas de Deus.
O que Deus quer é a Vida do Povo. Que ele esteja unido, que se instaure o direito e a justiça, que haja paz, que não enganem nem oprimam os pobres, que a religião seja sincera, que haja ‘misericórdia e não sacrifício’...
Muitas vezes se pensou que Deus queria coisas estranhas, difíceis e sem relação com a vida diária. Mas, o que Deus quer é renovar a sua criação, sua “imagem e semelhança”: um “homem novo” e “novo céu e nova terra”; reatar os laços da convivência humana; instaurar a paz, no meio de conflitos e perseguições; derrubar os muros; reunir seus filhos e filhas.
4º - Haverá conflitos e perseguições
Desde o começo, surgem os conflitos de ciúmes, de soberba, de desobediência, de inveja, de competição e rejeição (Gn 3). O mal não foi querido por Deus, mas fruto da liberdade do homem. Criado para ser semelhança de Deus e imitá-lo no amor e na criação, o homem O invejou e quis competir com Ele, se deixou seduzir pelo mal e empreendeu uma vida afastada da amizade gratuita oferecida por Deus. Ficou sozinho, com desconfiança...
Não se pode esquecer a presença e o poder do mal nas suas diversas formas: dentro de cada um, na Comunidade e nas estruturas. Talvez o mais doloroso seja o mal dentro e potenciado pelas religiões.
Observando a nossa realidade: quais são os principais males que nós sofremos ou fazemos? Quais os males que estão presentes nas pessoas? Quais os principais males que atuam nas Comunidades? Quais os principais males que atingem nossa sociedade?
E não podemos esquecer: quais os principais males que estão atuando dentro da nossa igreja?
5º - Deus não renunciou ao seu projeto
Para isso, acompanha a humanidade ao longo da história e ajuda sempre os homens e mulheres para que descubram e percorram seus caminhos. Mostra isso ao fazer suas promessas. Deus não abandona nem os pecadores. É o amor fiel, o único que não falha e ajuda a todos. Muitas pessoas e muitas religiões sentem, vivem e celebram essa experiência da presença benfazeja de Deus na história.
6º - Povo escolhido para ser “Luz das Nações”
Deus não faz isso sozinho, nem de maneira mágica (sem colaboração humana).
Ele escolhe um povo e chama e envia pessoas para trabalhar nesse projeto: os profetas, os reis, os juízes, os sábios... Deus promete que enviará “pastores segundo o meu coração”, que cuidarão dos necessitados e excluídos.
A esperança maior fica para o Messias, quando Ele próprio vai pastorear o seu povo. Deus não age sozinho, mas por meio de seus enviados, aos que seduz e encanta com suas propostas; e anima e capacita para realizar a sua missão.
Escolhe pessoas totalmente dedicadas ao serviço do povo: vivem a vida do povo e se entregam ao seu serviço, para conseguir vida digna de um povo livre e fraterno.
Às vezes, a missão (a santidade) é apresentada como algo estranho à vida diária e o enviado, o escolhido, parece um ser estranho à vida dos homens. Pode até ser percebida erroneamente como uma missão de escravos, empregados ou meros executores, que nada sabem nem podem perguntar. Mas os enviados são pessoas livres, com suas qualidades, inteligência e coração, dons e carismas. Não é questão de obediência cega e sim um modo de serem amigos e irmãos de Jesus e por Ele chamados, preparados e ensinados e enviados (Mt 10). Sua tarefa altamente humanizante é justamente o que os fará livres, grandes aos olhos dos homens e aos de Deus. E por ela serão julgados (Mt 25).
7º - A promessa do Reino e o Messias
Nos momentos de maior crise, Deus promete estar sempre com seu povo (ser “Em-manu-El” - Deus conosco) e enviar pastores segundo o seu coração para guiar o povo e cuidar dele. Aí nasce a esperança de um Messias, que será o Príncipe da Paz e agirá sem violência, acolhendo e recuperando o perdido. Não é conformista nem fatalista, mas em um compromisso radical: “não desanimará, não descansará até que veja instaurados o direito e a justiça”, isto é o Reino de Deus. Deus não desiste e seu Servo também não. Custe o que custar, até a própria vida.
8° - Cristo, o Enviado
“Tanto amou ao mundo que enviou seu Filho único” (Jo 3,16). Para salvar e não para condenar. Jesus se apresenta como o Ungido (Lc 4, 16) e diz: “eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Ele anuncia a Boa Nova aos pobres e começa a realizá-la: aproxima-se, torna-se amigo dos publicanos e pecadores; partilha com eles o que aprendeu do Pai e lhes confia a tarefa de fazer um mundo novo. E anuncia: o Reino de Deus já está no meio de vós.
Jesus sabe que esse Reino enfrenta resistências e que haverá conflitos. Por isso, entra no conflito para salvar os fracos e denuncia os que não querem ser irmãos, os opressores do povo, os que aproveitam do pobre, do doente, da viúva. E, especialmente, denuncia a religião exploradora e excludente, falsa e interesseira, perseguidora e mortal.

(textos baseados no planejamento das SMP da paróquia)
Colaboradores: Alonso José e Aparecida AlvesInformações: santasmissoespnsa@yahoo.com.br

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