quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

DIA 1º DE JANEIRO TAMBÉM É DIA DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA


“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus seu Filho, nascido de uma mulher...” (Gl 4, 4). O culto mariano funda-se sobre a admirável decisão divina de ligar para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do Filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré.
O mistério da maternidade divina e da cooperação de Maria na obra redentora suscita nos crentes de todos os tempos uma atitude de louvor, quer para com o Salvador quer para com Aquela que O gerou no tempo.
Mais um importante motivo de reconhecido amor pela Bem-aventurada Virgem é oferecido pela sua maternidade universal. Ao escolhê-la como Mãe da humanidade inteira, o Pai celeste quis revelar a dimensão, por assim dizer materna, da Sua ternura divina e da Sua solicitude pelos homens de todas as épocas.
No Calvário, Jesus com as palavras: “Eis aí o teu filho”, “Eis aí a tua Mãe” (Jo 19, 26-27), dava Maria já, antecipadamente, a todos aqueles que haveriam de receber a boa nova da salvação e estabelecia assim as premissas do Seu afeto filial por Ela. Seguindo João, os cristãos prolongariam, com o culto, o amor de Cristo pela Sua mãe, acolhendo-a na própria vida.

Primeiros cultos marianos
Os textos evangélicos dão testemunho da presença do culto mariano desde os primórdios da Igreja. Os dois primeiros capítulos do Evangelho de São Lucas parecem recolher a atenção particular dos judeus cristãos para com a Mãe de Jesus, os quais manifestavam o seu apreço por Ela e conservavam ciosamente as suas memórias.
Nas narrações da infância, além disso, podemos captar as expressões iniciais e as motivações do culto mariano, sintetizadas nas exclamações de Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres... Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!” (Lc. 1, 42.45).
Traços de uma veneração já difundida na primeira comunidade cristã estão presentes no cântico do Magnificat: “Todas as gerações me hão de chamar ditosa” (Lc 1, 48). Ao colocar nos lábios de Maria essa expressão, os cristãos reconheciam-lhe uma grandeza singular, que haveria de ser proclamada até ao fim do mundo.
Além disso, os testemunhos evangélicos (cf. Lc 1, 34-35, Mt. 1,23 e Jo. 1, 3), as primeiras fórmulas de fé e uma passagem de Santo Inácio de Antioquia (cf. Smirn. 1,2: SC 10,155), confirmam a particular admiração das primeiras comunidades pela virgindade de Maria, intimamente ligada ao mistério da Encarnação.
O Evangelho de João, indicando a presença de Maria no início e no fim da vida pública do Filho, deixa supor entre os primeiros cristãos uma consciência viva do papel exercido por Maria na obra da Redenção, em plena dependência de amor por Cristo.Maria e a Igreja
O Concílio Vaticano II, ao ressaltar o caráter particular do culto mariano, afirma: “Exaltada por graça do Senhor e colocada, logo a seguir a Seu Filho, acima de todos os anjos e homens, Maria que, como, mãe santíssima de Deus, tomou parte nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto especial” (LG, 66).
Ao aludir, depois, à oração mariana do terceiro século “Sub tuum praesidium” - “Sob a tua proteção” -, acrescenta que essa peculiaridade emerge desde o início: “Na verdade, a Santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de Mãe de Deus, e sob a sua proteção se acolhem os fiéis, em todos os perigos e necessidades” (ibid.). Essa afirmação encontra confirmação na iconografia e na doutrina dos Padres da Igreja, desde o segundo século.
Em Roma, nas catacumbas de Priscila, é possível admirar a primeira representação de Nossa Senhora com o Menino, enquanto no mesmo tempo São Justino e Santo Ireneu falam de Maria como da nova Eva que, com a fé e a obediência, repara a incredulidade e a desobediência da primeira mulher. Segundo o Bispo de Lião, não era suficiente que Adão fosse resgatado em Cristo, mas “era justo e necessário que Eva fosse restaurada em Maria” (Dem., 33). Ele sublinha desse modo a importância da mulher na obra de salvação e põe como fundamento aquela inseparabilidade entre o culto mariano e o culto atribuído a Jesus, que percorrerá os séculos cristãos.O amor do povo por Maria
O culto mariano expressou-se inicialmente na invocação de Maria como “Theotokos”, título que teve confirmação autorizada, depois da crise nestoriana, pelo Concílio de Éfeso que se realizou no ano 431.
A mesma reação popular à posição ambígua e oscilante de Nestório, que chegou a negar a maternidade divina de Maria, e o sucessivo acolhimento jubiloso das decisões do Sínodo Efésio confirmam a radicação do culto da Virgem entre os cristãos. Todavia, “foi, sobretudo a partir do Concílio de Éfeso que o culto do Povo de Deus para com Maria cresceu admiravelmente, na veneração e no amor, na invocação e na imitação...” (LG, 66). Ele expressou-se de modo especial nas festas litúrgicas, entre as quais, desde o inicio do século V, assumiu particular relevo “o dia de Maria Theotokos”, celebrado a 15 de Agosto em Jerusalém e que se tornou sucessivamente a festa da “Dormitio” ou da Assunção.
Sob a influência do “Protoevangelho de Tiago” foram, além disso, instituídas as festas da Natividade, da Conceição e da Apresentação, que contribuíram de maneira notável para evidenciar alguns importantes aspectos do mistério de Maria.
Podemos bem dizer que o culto mariano se desenvolveu até aos nossos dias em admirável continuidade, alternando-se períodos florescentes e períodos críticos que, contudo, tiveram muitas vezes o mérito de promover ainda mais a sua renovação. Após o Concílio Vaticano II, o culto mariano parece destinado a desenvolver-se em harmonia com o aprofundamento do mistério da Igreja e em diálogo com as culturas contemporâneas, para se arraigar sempre mais na fé e na vida do povo de Deus peregrino sobre a terra.(Fonte: http://noticias.cancaonova.com)

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